Dá para viver sem plástico?

Acredite, um dia o mundo já foi assim.

No princípio, era o plástico. Não, pera. No princípio era o verbo, a luz, o magma. O plástico veio depois, inventado pra dar pouco trabalho e muito lixo (mas foi um homem que inventou, então não pensou no lixo).

A gente pensa agora no lixo, no acúmulo, nos microplásticos. Mas a gente consegue escapar? Historiadores, nutricionistas, ambientalistas, revistas, professores de yoga e muitos istas concordam: é preciso fazer consumo consciente.
Nesta reportagem te convidamos para uma viagem e uma reflexão. Como reduzir o consumo de plástico? Como olhar para os nossos hábitos pensando nisso?

A Raquel e a Priscila tentaram. A ciência busca saídas para tudo ser mais biodegradável. Mas enquanto a solução não vem, se liga nas nossas dicas: consciência, comidinha caseira, produtos naturais e conhecimento.

Nossa historiadora Patrícia Merlo deixou claro: não adianta botar a culpa no capitalismo e no tempo escasso sem botar a mão na consciência. Separe o lixo em casa, por gentileza (com o planeta).

Priscila Machado faz sabonetes, xampus e condicionadores naturais. Quando ela começou, há três anos, a ideia era fazer tudo de maneira completamente sustentável e sem plásticos. Alérgica em meio à pandemia, ela buscou se reinventar e ajudar pessoas. 

Os xampus e condicionadores em barra diminuem o consumo de plástico porque a embalagem e a fórmula são biodegradáveis. Além disso, cada barra costuma durar o dobro ou triplo de um pote de plástico de xampu. Então vira uma conta matemática: deixa de gastar três potes de plástico para gastar três pedaços de celofane biodegradável. (saiba mais em @use.natureu). Foto: arquivo pessoal.

Raquel Zorzanelli é engenheira florestal e se preocupa em levar uma vida de consumo consciente desde que era criança, em Iúna. Vegana há oito anos, Raquel tem suas bolsas de pano e busca consumir produtos frescos, além de trabalhar buscando preservar espécies nativas do Caparaó. Ela lamenta não conseguir ficar totalmente sem plástico. “É muito difícil, a gente pede coisa na internet e não há alternativa, mas tento fazer minha parte”.

Ah, mas minha sacola é biodegradável...

… NÃO É BEM ASSIM. As sacolas plásticas biodegradáveis, se descartadas incorretamente, podem se desfazer em microplásticos – fragmentos minúsculos que se espalham por todo canto e são impossíveis de serem retirados da natureza. Para realmente se decompor, a sacola biodegradável precisa ir para uma usina especializada de compostagem.

Lá, fatores ambientais controlados e a ação de microrganismos específicos promovem a desintegração do material em aproximadamente seis meses, resultando em subprodutos como água, gás carbônico e matéria orgânica residual.

Uma nova tecnologia está surgindo como alternativa promissora: as sacolas compostáveis. Diferentes das sacolas biodegradáveis comuns que encontramos no mercado brasileiro (e na maior parte do mundo), estas são fabricadas com materiais especiais que podem se decompor completamente a partir da hidrólise – um processo em que a água desfaz as ligações químicas do material. Isso permite sua digestão pelos microrganismos, resultando apenas em água, dióxido de carbono e matéria orgânica na natureza.

#FICA A DICA!

Apesar dos avanços, a melhor alternativa continua sendo não usar sacolas plásticas e adotar opções reutilizáveis, como sacolas de tecido ou outros materiais duráveis. Aquela sacolinha biodegradável que parece inofensiva pode ser, literalmente, uma furada.

Aditivos nocivos: Possui químicos prejudiciais ao meio ambiente.

Microplásticos: Fragmentação em partículas plásticas tóxicas que se espalham por todo canto.

Consumo de recursos: Produção ainda consome recursos naturais e energia.

Falsa segurança: Descarte inadequado pelo rótulo “biodegradável”, acreditando não gerar danos ao meio ambiente.

Reciclagem difícil: Contamina o processo de reciclagem convencional.

Degradação limitada: Requer condições específicas raramente encontradas.

Linha do tempo do plástico no planeta

1904

Jacques Brandenberger começou a desenvolver o plástico. Incomodado com o trabalho que dava para limpar o pano, começou a pensar em uma forma de limpar um pano com um paninho. Ele trabalhava na indústria têxtil e foi investir nessa película transparente que protegia panos e acabou sendo usada em lentes das máscaras de gás na primeira guerra mundial. Antes disso, no entanto, há registros de materiais que seriam precursores da versão do plástico que conhecemos hoje, mas que eram muito caros para serem produzidos em larga escala.

1923

Brandenberger vende a patente para empresa DuPont que começa a ver os problemas gerados pela impermeabilidade, como a umidade. Os alimentos grudavam ou oxidavam porque os primeiros plásticos eram completamente impermeáveis. (ao longo da década de 20) DuPont tenta criar um celofane à prova de umidade que preserve as características do alimento. Em 1924, eles conseguem!

1930

Nos Estados Unidos- Não precisava mais de fila para o vendedor te atender, o layout do supermercado muda porque os alimentos ficam expostos em plásticos

1940

Os biscoitos embalados em celofane vendiam 50% mais. Revolução: as pessoas passam a comprar com os olhos. Esse é o argumento para a venda do celofane. Problema: carne perde a cor, começam a fazer estudos para melhor embalar a carne, de modo que ela mantivesse a característica mais agradável aos olhos do consumidor. Ainda nesta década, o celofane vai ser substituído pelo cloreto de polivinilideno (foi descoberto acidentalmente e usado pela primeira vez na segunda guerra mundial).

1945

Após a Segunda Guerra Mundial, o plástico filme, que originalmente protegia aviões das intempéries do tempo, era verde escuro e cheirava mal começa a ser usado no mercado.

1950

Em 1950, Começa a haver estudos que mostram que o cloreto de polivinilideno fazia mal para a saúde. o plástico filme começou a ser feito com um polietileno de baixa densidade enquanto o pote plástico era feito com polietileno com alta densidade.

1980

São feitos estudos na Inglaterra para diminuir o consumo de plástico, mas descobrem que o desperdício de alimentos aumenta muito.

Fonte
Patrícia Merlo

Doutora em História Social/UFRJ, Professora do Curso de História da UFES, especialista em História da Alimentação e Das ideias políticas na Modernidade.

Sumário
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Sumário
Revista Cine.Ema 5

01. Editorial: Estou de volta!

02. Amazônia: um vasto jardim milenar

03. Reconectar-se com a floresta

04. Click Brabo! Dicas de fotografia

05. Neurônios à la carte: a escolha dos alimentos molda seu cérebro

06. Biomimetismo: a natureza que transforma

07. Nem só de árvore vive o cinema ambiental

08. Os voos da Ema

09. Um click para o futuro

10. Missão impossível: cenas de uma câmera analógica

11. Quadrinhos: Antes do Fim

12. O futuro é agora!

13. Crônica: Luz, Câmera e... Reconexão!

14. A gente se vê no Cinema

15. Que monte de lei é essa?

16. Reciclagem começa dentro de casa

17. Você sabe como fazer uma animação?

18. Juntei meu lixo, e agora?

19. Dá para viver sem plástico?

20. Dicas para reduzir o plástico

21. Arte: Seja Raiz, Seja Caule, Seja Folha, Teça o Futuro, Reconecte-se!

22. A Fantástica Carpintaria