A pequena cidade de Castelo, localizada no sul do Espírito Santo, tem pouco mais de 37 mil habitantes. Uma cidade pacata e que foi palco de uma narrativa que é motivo de orgulho para a cineasta Marina Polidoro Marques, vencedora pelo júri estudantil e de professores da 7ª edição do Festival Cine.Ema com o documentário “Meu Arado, Feminino”.
Natural de Minas Gerais, Marina viveu no município entre seus 13 e 20 anos de idade. E retratou, com louvor, no filme, um pouco de sua vivência na cidade e seu contato com a realidade campesina em meses que antecederam a pandemia da Covid-19. “O meu filme é capixaba, todas as estrelas da história são mulheres do interior. Meu maior desejo era o de que as pessoas conhecessem o território, soubessem quem são essas mulheres e como é a realidade no Espírito Santo”, ressalta a cineasta.
A riqueza simbólica da conexão de Marina com seu passado, segundo ela, só teve a devida visibilidade por conta de oportunidades que surgiram a partir de editais e de participação de festivais, como o Cine.Ema. “Eu mesma já perdi editais, é difícil acompanhá-los. Aqui no Brasil, o mercado não é grande. Mas o Espírito Santo tem um destaque, já que é um dos que é mais lembrado no quesito cinema ambiental”, conta a produtora.
Com brilho nos olhos, Marina lembra que o Festival Cine.Ema foi um marco na sua carreira, já que foi seu primeiro prêmio com o filme “Meu Arado, Feminino”. “Foi um dos melhores festivais dos quais eu já participei. A estrutura do evento foi muito interessante e tiveram bons debates.
Sou muito grata por ter participado”, explica Marina, que também destaca a importância do projeto para aproximar realizadores, e, principalmente, levar os filmes às escolas da região.
O realizador audiovisual Weber Cooper, que participou da 8ª edição do Cine.Ema com o filme “Lavra”, também busca no local as narrativas que vão ganhar as telonas. “Para produzir histórias sobre o solo capixaba é preciso se aproximar dos contextos nas quais as pessoas desenvolvem as suas relações. Para mim, o que mais importa é entregar o trabalho para a própria comunidade. É uma troca de saberes”, diz.
Em sua obra mais recente, “Corpo Rocha”, por exemplo, o cineasta aborda o contexto da extração de mármore em Cachoeiro de Itapemirim. No filme, ele aprofunda questões do meio ambiente, do corpo e do universo mineral, trazendo reflexões sobre extrativismo. “Eu proponho, nesse viés do cinema experimental, outras formas de imaginar as nossas relações com a natureza e com esses outros seres, que são as montanhas e os rios. Uma proposta de re-imaginar a nossa própria presença ali também”, conclui.