Os voos
da Ema:

10 temporadas de muito Cinema e cuidado ambiental

Idealizado e feito com muitas mãos, o Cine.Ema celebra em 2024 sua 10ª edição

Se Cachoeiro é a capital secreta do mundo, o que dizer sobre Burarama, que é um distrito no interior desse município? Foi ali que nossa história começou em 2015. Um lugar cercado de montanhas – muitas vezes cheias de neblina, casas com arquitetura colonial e um ar bucólico. Às vezes muito frio, às vezes muito quente.

A entrada do vilarejo já é cinematográfica: o nome Burarama e uma grande pedra ao fundo… a Pedra da Ema, nossa musa inspiradora, que ganhou esse nome porque, de tarde, com a mudança de ângulo do sol, uma fissura projeta a imagem de uma Ema nela. Da imaginação coletiva, a ema ganhou asas e voou com o cinema (mesmo que emas não voem, a nossa voa!). Esta é a história que vamos contar aqui: como tudo começou?

De lá pra cá, pouca coisa mudou no vilarejo. O centro de Burarama é uma praça com uma igreja, uma escola ao lado. Na frente tem a padaria-mercearia, o bar, a farmácia. Foi ali que chegamos para nossa primeira visita, depois que a Detinha Son insistiu que ali seria um lugar maravilhoso para fazer um festival. Já era uma vontade nossa fazer um evento focado na preservação ambiental e esta era exatamente a pauta favorita da Detinha: sustentabilidade, ciclismo, cidades acolhedoras, comida orgânica…

E foi ali na pracinha que tivemos a sorte de esbarrar com Mariângela Fassarella – que apelidamos carinhosamente de “prefeitinha de Burarama”. Ela nos apresentou o local, as histórias, os grupos e a potência que era o distrito. E foi assim, pela união de muitas mãos, que surgiu o Festival Cine.Ema.

“Sinto que plantamos em solo fértil! Burarama foi e é nosso refúgio onde tudo começou. Faz parte da nossa memória afetiva e afetuosa. Lugar ímpar de uma comunidade que nos acolheu desde o primeiro momento”, relembra Tânia Silva, diretora geral da Caju Produções e do Cine.Ema, destacando o sonho de criar um projeto que pudesse mudar a vida das pessoas.

O produtor cultural e sócio da Caju na época, Léo Alves, conta que o projeto foi todo pensado para a própria comunidade, de cerca de 2 mil habitantes, mas que acabou atraindo também um público externo de cidades vizinhas interessado em conhecer a região. “Queríamos criar um festival focado na questão ambiental, buscando valorizar, inclusive turisticamente, as riquezas naturais”, destaca.

Detinha nos instruía nas questões ambientais junto de Leonardo Merçon, dos Últimos Refúgios, que elaborou a parte de educação e sensibilização ambiental do festival. Ériton Berçaco veio com o nome (já traduzindo em literatura o movimento da Pedra da Ema), Wilson Ferreira trouxe a logo que nos acompanha até hoje. Ainda temos figuras importantes como Luanna Esteves, Geraldo Dutra, Filipe Ventura, Ilka Westermeyer e tantas mais que contribuíram ativamente para a construção do Festival!

Ao longo desses anos, o Festival Cine.Ema ganhou novos aliados e pôde voar mais longe, como é o caso do Grupo Águia Branca – que passou a abrigar o evento em sua Reserva Ambiental em Vargem Alta – e a Statkraft – que nos levou a Rive, distrito de Alegre.

Festival de cinema
dentro da mata?

Foi uma experiência inédita. Em 2018, o Festival Cine.Ema passou a ser realizado na Reserva Águia Branca. Imagina só, foi a primeira vez que um festival de cinema no ES ocorreu dentro de uma reserva ambiental. Telão de 5 metros numa tenda de 20 metros de profundidade, som de qualidade, ao lado de uma área de 2225 hectares de mata preservada. Uma verdadeira experiência sensorial de contato com a natureza. Quase um cinema 5D, né?

Cerimônia de mestre

Não era capixaba de nascença, mas sim por opção. Orlando Bomfim Netto foi o homenageado da quarta edição do Festival Cine.Ema. Desde que chegou no Espírito Santo, passou a registrar sistematicamente em documentários diversos aspectos da cultura capixaba, que se tornaram peças valiosas do patrimônio histórico e da cinematografia capixaba. Foi o fundador da Associação Brasileira de Documentarista e Curta Metragistas do ES, entidade que contribuiu para a profissionalização do cinema no Estado e para a articulação com realizadores de outras regiões do país.

Cinema Na Praça

A escola Wilson Resende abraçou nosso projeto, os moradores abriram suas casas para hospedar visitantes e a praça central virou uma sala de cinema a céu aberto. Leonardo Merçon recorda: “Juntos, pensamos em atividades lúdicas para a comunidade, observação da natureza com as crianças e muitas outras ações que, até então, eram aplicadas apenas em projetos de conservação e atividades de ONGs. Tivemos a oportunidade de criar algo novo, unindo cultura e natureza de maneira única”.

“Lembro que era tudo muito colorido. Teve show na praça, oficinas na escola, atividades diversas para criança, piquenique no quintal de uma moradora e tantas outras coisas, com uma mensagem super importante, que é a questão ambiental. A chegada do Cine.Ema era como quando o circo chega na cidade – todo mundo fica ‘uau’ porque traz muita vida para o lugar”, conta Luanna Esteves, que atuou na comunicação do Festival e aproveitava os intervalos para se conectar com a natureza local em uma das várias cachoeiras presentes ali.

Anjo de bike

Talvez vocês não saibam, mas a ciclovia que liga Vitória à Vila Velha na Terceira Ponte recebeu o nome da nossa querida amiga Detinha Son. “Deusdedet Alle Son” era ativista, ciclista e lutava a favor de projetos de mobilidade urbana e também de cultura capixaba e meio ambiente. Apaixonada por ciclismo, ela era uma inspiração que sempre chegava de bike (e que falta que faz!) 

Sumário
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Sumário
Revista Cine.Ema 5

01. Editorial: Estou de volta!

02. Amazônia: um vasto jardim milenar

03. Reconectar-se com a floresta

04. Click Brabo! Dicas de fotografia

05. Neurônios à la carte: a escolha dos alimentos molda seu cérebro

06. Biomimetismo: a natureza que transforma

07. Nem só de árvore vive o cinema ambiental

08. Os voos da Ema

09. Um click para o futuro

10. Missão impossível: cenas de uma câmera analógica

11. Quadrinhos: Antes do Fim

12. O futuro é agora!

13. Crônica: Luz, Câmera e... Reconexão!

14. A gente se vê no Cinema

15. Que monte de lei é essa?

16. Reciclagem começa dentro de casa

17. Você sabe como fazer uma animação?

18. Juntei meu lixo, e agora?

19. Dá para viver sem plástico?

20. Dicas para reduzir o plástico

21. Arte: Seja Raiz, Seja Caule, Seja Folha, Teça o Futuro, Reconecte-se!

22. A Fantástica Carpintaria