Biomimetismo
a natureza que transforma
No coração de Vila Velha, foi plantada uma árvore única, não para produzir frutos ou sombra, mas sim energia limpa e sustentável. Essa “árvore solar”, de seis metros de altura, com 21 placas solares estrategicamente posicionadas, com a capacidade estimada de gerar 300 quilowatt-hora por mês (kWh/mês) de energia renovável, é um exemplo notável de biomimetismo em ação.
E você deve estar se perguntando agora: biomimê o que??? Sim, o biomimetismo vem da palavra biomimética (bio = vida, mimesis = imitação) e nada mais é do que uma imitação consciente da natureza como forma de se criar a inovação em sistemas, produtos e formas de gestão. Ou seja, em um mundo cada vez mais desafiador, com problemas complexos como mudanças climáticas, poluição urbana e escassez de recursos, a solução pode estar na própria natureza.
No caso da árvore solar, que foi desenvolvida pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em parceria com o Centro de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento do Espírito Santo (CPID), a ideia foi a de desenvolver um sistema de geração de energia solar diferente da disposição horizontal dos telhados ou em solo, sendo baseada na estrutura de árvores naturais. Ela foi instalada em 2024, no Parque Cultural Casa do Governador, marcando o início de uma nova era na produção de energia renovável em espaços urbanos.
Assim, é possível aumentar a produção de energia solar quando se tem pouco espaço disponível. Sua eficiência se deve à aplicação da Sequência de Fibonacci, um padrão matemático encontrado na natureza, na organização das placas.
À medida que as cidades buscam se tornar mais inteligentes e sustentáveis, iniciativas como essa árvore solar da Ufes iluminam o caminho, já que esse projeto não apenas contribui para a transição energética do Brasil, mas também serve como um modelo tangível de como o biomimetismo pode inspirar soluções criativas para os desafios ambientais contemporâneos. Isso nos lembra que, muitas vezes, as soluções mais inovadoras para nossos problemas modernos podem estar bem diante de nossos olhos, na sabedoria atemporal da natureza.
Quer mais exemplos? Imagine, então, um prédio que se mantém limpo sozinho, reduzindo drasticamente a necessidade de produtos químicos e mão de obra. Ou um trem-bala que corta o ar com tanta eficiência que economiza energia significativa a cada viagem. Essas também não são ficções futuristas, mas realidades possíveis graças ao biomimetismo. Ao estudar as folhas de lótus e o bico do martim-pescador, respectivamente, pesquisadores e engenheiros estão desenvolvendo soluções inspiradoras para problemas como eficiência energética e limpeza de superfícies.
Na área da saúde, o biomimetismo também está revolucionando procedimentos médicos. Superfícies antibacterianas inspiradas na estrutura microscópica da pele dos tubarões estão sendo desenvolvidas para hospitais, reduzindo drasticamente as taxas de infecção. Além disso, adesivos médicos inspirados nas propriedades adesivas dos pés das lagartixas prometem oferecer uma alternativa menos invasiva às suturas tradicionais.
#fica a dica!
À medida que enfrentamos desafios globais como as mudanças climáticas, a escassez de recursos e a necessidade de tecnologias mais sustentáveis, o biomimetismo surge como uma ferramenta poderosa para a inovação. Ao olhar para a natureza como mentora, podemos desenvolver soluções que não apenas resolvem nossos problemas imediatos, mas também promovem uma relação mais harmoniosa e sustentável com o meio ambiente.