Amazônia:

Um vasto jardim milenar

Quando pensamos em antigas civilizações, nossa mente geralmente se volta para as pirâmides do Egito, as cidades de pedra dos astecas ou os templos monumentais dos maias. No entanto, a Amazônia nos revela uma forma diferente e igualmente impressionante de civilização antiga. Sem grandes construções de pedra ou monumentos imponentes, os povos amazônicos criaram uma das obras mais extensas e complexas da história humana: uma floresta inteira, modelada ao longo de milênios para sustentar milhões de pessoas.

Estudos recentes mostram que a Amazônia é, na verdade, um imenso jardim cultivado por povos indígenas ao longo de milhares de anos. Essa perspectiva nos convida a repensar o que entendemos por “civilização” e “desenvolvimento”. Na Amazônia, encontramos um exemplo notável de como uma sociedade pode prosperar em harmonia com seu ambiente, deixando um legado que perdura até hoje nas árvores, plantas e na própria estrutura da floresta. 

O estudo identificou oito práticas de manejo principais que os povos indígenas usaram para moldar a floresta:

  1. Remoção de plantas não úteis
  2. Proteção de plantas úteis
  3. Atração de dispersores de sementes
  4. Transporte de plantas úteis
  5. Seleção de fenótipos desejáveis
  6. Manejo do fogo
  7. Plantio
  8. Melhoria do solo

Essas práticas, aplicadas ao longo de milênios, resultaram em florestas mais ricas em espécies úteis para alimentação, medicina e outros usos culturais.

Essas descobertas revelam uma relação profunda e antiga entre os povos indígenas e seu ambiente. Para muitas comunidades indígenas, a floresta não é um espaço selvagem, mas sim um lar cuidadosamente cultivado por gerações de ancestrais. “Os jardins dos meus antepassados” é como muitos indígenas se referem às áreas da floresta ricas em espécies úteis. Essa visão reflete cosmologias indígenas complexas, onde a separação entre natureza e cultura muitas vezes não existe. Para esses povos, cuidar da floresta é uma extensão natural de cuidar de sua própria comunidade e história.

Conhecer a história da floresta e de seus habitantes é essencial para a conservação da Amazônia hoje. Precisamos reconhecer o papel histórico dos povos indígenas na formação desse ecossistema. A conservação efetiva deve incluir e valorizar o conhecimento tradicional indígena.

À medida que enfrentamos desafios ambientais globais, as lições da gestão indígena da Amazônia oferecem insights valiosos sobre como os seres humanos podem interagir de forma sustentável com seus ambientes. A história da Amazônia não é apenas de uma natureza primitiva, mas de uma relação milenar e mutuamente benéfica entre humanos e não-humanos.

Este artigo é baseado na pesquisa “How People Domesticated Amazonian Forests” de Levis et al., publicada em Frontiers in Ecology and Evolution, 2018.

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Travessia – O parto à margem no Piraquê-Açu

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Direção: Karol Felicio. Data de pré-lançamento:
30 de abril de 2024.

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Sinopse: Uma história imersiva que se aprofunda no coração da aldeia indígena Rio Piraquê-Açu, explorando o processo de transformação na forma de parir dentro dessa comunidade ancestral, ao longo das gerações. Viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secult-ES.

Sumário
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Sumário
Revista Cine.Ema 5

01. Editorial: Estou de volta!

02. Amazônia: um vasto jardim milenar

03. Reconectar-se com a floresta

04. Click Brabo! Dicas de fotografia

05. Neurônios à la carte: a escolha dos alimentos molda seu cérebro

06. Biomimetismo: a natureza que transforma

07. Nem só de árvore vive o cinema ambiental

08. Os voos da Ema

09. Um click para o futuro

10. Missão impossível: cenas de uma câmera analógica

11. Quadrinhos: Antes do Fim

12. O futuro é agora!

13. Crônica: Luz, Câmera e... Reconexão!

14. A gente se vê no Cinema

15. Que monte de lei é essa?

16. Reciclagem começa dentro de casa

17. Você sabe como fazer uma animação?

18. Juntei meu lixo, e agora?

19. Dá para viver sem plástico?

20. Dicas para reduzir o plástico

21. Arte: Seja Raiz, Seja Caule, Seja Folha, Teça o Futuro, Reconecte-se!

22. A Fantástica Carpintaria